domingo, 29 de janeiro de 2017


Que fazer com os jesuítas? (3)

Vertiginosa queda em número e reputação

Jesuítas idosos. Segundo o Vaticano, entre 2005 e 2015, a Ordem perdeu 3 110 sacerdotes e irmãos.
De 1965 a 2015, a Companhia de Jesus caiu de 36 038 para 16 740.

No momento em que a Companhia de Jesus tem um Papa pertencente à gloriosa ordem fundada por Santo Inácio, sua crise e decadência internas atingem patamares inauditos em matéria doutrinária e em número de membros, observou a revista americana «National Catholic Register».

Nos EUA, Canadá e Haiti só foram ordenados 20 novos jesuítas em 2015. Um dirigente da Ordem reconheceu ao «National Catholic Register» que «as tendências de novas vocações apontam para uma estabilização numérica no horizonte».

Entretanto, a comemoração pelas 20 ordenações do último ano parece exagerada, pois no mesmo período faleceram 65 padres da Ordem.

Em 2013, Matthew Archbold, da «Cardinal Newman Society», apontou outros sinais da decadência nas ordenações de novos jesuítas: os ex-jesuítas eram mais numerosos do que os jesuítas em actividade nos EUA. Estatísticas de 2011 elaboradas pelo Georgetown University’s Center for Applied Research in the Apostolate (CARA) apoiaram a assertiva.

Estatísticas mais recentes da Companhia e do Vaticano fornecem números assustadores. O número vem a cair nos últimos 50 anos, propulsionado pelos efeitos do período «pós-conciliar».

Em 1982 entraram 102 novos candidatos. Em 2010, apenas 45.

Entre 2008-2013, a Companhia contabilizou 445 religiosos mortos nos EUA, uma média de 89 por ano.

Somando e subtraindo, o «National Catholic Register» conclui que os jesuítas nos EUA estão em queda livre. Pelos números do CARA, perderam mais da metade em apenas 25 anos, precipitando-se de 4 823 em 1988 para 2 395 em 2013.

A situação no mundo em geral não é melhor, salvas excepções na Ásia e na África.

O estudo do CARA apontou um declínio de 33% na América Latina e de 13% no Extremo Oriente no período 1988-2013.

Nos 425 anos anteriores a 1965, a Companhia não parou de crescer, tendo atingido naquele ano o seu maior número: 36 038 sacerdotes e irmãos, segundo o Annuario Pontificio do Vaticano.

São Francisco Xavier convertendo pagãos
nos tempos gloriosos em que a ordem inaciana se expandia pelo mundo.

Em 2015 a Ordem caiu para 16 740 membros, uma queda vertiginosa que prossegue: mais de 50% em apenas 50 anos «pós-conciliares».

As saídas foram especialmente intensas no fim da década de 1960 e de 1970, na aplicação imediata do Vaticano II, quando muitos sacerdotes abandonaram os seus votos.

A mais recente década analisada (2005-2015) mostrou a continuidade da acentuada percentagem de desistências: 15,7%.

Segundo os relatórios do Vaticano, entre 2005 e 2015 os jesuítas perderam 3 110 sacerdotes e irmãos, a metade da calamitosa debacle da década 1965-1975.

Essas perdas não são fenómenos localizados ou esporádicos, diz o «National Catholic Register». O declínio foi constante durante todos os anos desde 1965, com excepção de 1984 a 1986.

Para a revista americana, o problema mais preocupante não radica nos números. O mais grave é a perda de reputação teológica e pastoral da Companhia no seio da Igreja.

De facto, há um número excepcional de jesuítas envolvidos na promoção da confusão moral e de controvérsias eclesiais, intelectuais e sociais.

Neste período de decadência, a boa fama dos jesuítas como «Infantaria de Cristo» foi sendo continuadamente abandonada pelas suas universidades.

Estas perderam a sua identidade católica e a sua fidelidade à tradição da Igreja e da gloriosa Ordem de Santo Inácio.





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