segunda-feira, 10 de outubro de 2016


Bombardeiros russos dançam com a morte

nos céus da Europa


Luis Dufaur

O facto foi revelado posteriormente visando amortecer o seu impacto previsível.

Em 22 de Setembro, dois bombardeiros nucleares russos Tupolev TU-16 ingressaram no espaço aéreo europeu pelo norte da Noruega e chegaram próximo de Bilbao, Espanha, antes de regressar às suas bases, noticiou o «Le Figaro» de Paris.

A invasão teve um carácter provocatório e relembrou os piores momentos de tensão da Guerra Fria. Os bombardeiros foram sendo acompanhados por dez aviões de quatro países europeus: Noruega, Grã-Bretanha, França e Espanha.

Um Tupolev Tu 160 escoltado por um jacto francês.

Os intrusos não aceitavam comunicações nem contacto algum. Os dois foram interceptados a uma centena de quilómetros da costa da Bretanha por caças Rafale franceses, segundo o site do ministério da Defesa em Paris.

E daí, desviaram para a Espanha onde foram interceptados por caças bombardeiros F18. A dança da morte durou quatro horas.

O Tupolev Tu-160 Blackjack é um grande bombardeiro supersónico construído no fim dos anos 1970 em plena era soviética. É o maior supersónico do mundo e está destinado a ataques a grandes distâncias. Pode e leva entre 12 e 24 misseis, com ogivas nucleares.

O avião só teve o seu baptismo de fogo em Novembro de 2015 bombardeando a população civil na Síria. Vladimir Putin ordenou modernizá-los e relançar a sua produção, pois encontram-se deteriorados pelo tempo e desfasados tecnologicamente.

A provocação desta envergadura foi a segunda em 2016. A anterior em costas francesas aconteceu em Fevereiro. Nessa ocasião dois Blackjack fizeram um percurso análogo.

O chefe do Estado Maior da Força Aérea francesa, general André Lanata, explicou à France Press que esse tipo de manobras «faz parte das gesticulações russas», segundo «Le Figaro».

Só um dos Tu-160 que protagonizou o incidente
pode levar entre 12 e 24 mísseis com ogivas atómicas.

Outros atritos aconteceram com grandes bombardeiros russos Tu-95 Bear sobre o Canal da Mancha em datas recentes.

O jornal «La Vanguardia» de Barcelona sublinhou que a irrupção sem aviso prévio dos aviões de ataque vindos da Rússia, constituíram «um insólito e provocativo movimento da parte de Moscovo».

O maior jornal catalão sublinhou o facto de os bombardeiros terem chegado até Bilbao, grande cidade no mar Cantábrico onde foram afastados pelos F18 espanhóis.

Quatro bases aéreas francesas estão em estado operacional permanente para defender o território. Em caso de alerta, os interceptores encostam-se aos intrusos suspeitos e tentam comunicar.

Se o intruso não responde ou o nível de ameaça parece alarmante, só o primeiro-ministro pode dar a ordem de abrir fogo.

Os aviões russos habitualmente não respondem, e criam um enigma a respeito dos seus objectivos, por certo não amigáveis.

Mas o Kremlin sabe que tem bons amigos ou opositores moles nos governos da União Europeia e que não tem a temer uma reacção firmes, até que um dia aconteça o irreparável.

Em terra, milhões de cidadãos cuidam das suas actividades ou entretenimentos talvez sem perceber que sobre as suas cabeças dá-se um duelo delicado que pode extinguir as suas vidas e bens sem aviso prévio.





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