quarta-feira, 26 de agosto de 2015


Quando a autoridade está ao serviço

da impiedade


Padre Rodrigo Maria

À medida em que o relativismo revolucionário avança no mundo e dentro da Igreja podemos constatar o crescente distanciamento entre o que se prega em boa parte das nossas paróquias e dioceses e o que a Igreja sempre ensinou no seu magistério infalível.

A situação é verdadeiramente gritante, escandalosa, indignante…

É muito entristecedor ver leigos bons, que querem ser santos, que desejam viver a Verdade do Evangelho tal como ensina a santa Igreja, serem rechaçados, humilhados e isolados pelos seus padres ou bispos, tratados como excêntricos, exagerados, radicais, como gente a ser evitada…é indignante ver como muitos desses padres e bispos usurpam da sua autoridade para massacrar as suas ovelhas mais pequenas, execrando-as e pondo-as publicamente em ridículo pelo facto de estas quererem receber a SS Eucaristia (Santíssimo Sacramento da Eucaristia) de joelhos e/ou na boca.

Muitos destes senhores incham o peito e vociferam enraivecidos mandando que se levantem os que se ajoelham para receber a sagrada comunhão e/ou insistem que devem receber a sagrada hóstia na mão. Alguns apelam para o argumento da unidade com o resto da assembleia para justificar a atitude autoritária, outros acusam estes fiéis de estarem «querendo aparecer» como se fossem deuses que conhecem o íntimo dos corações… tem sido frequente muitas destas autoridades demonstrarem aversão e combater o uso do véu por parte das senhoras e jovens nas santas missas… mesmo a modéstia à qual tem aderido um número sempre maior de pessoas passou a ser alvo das críticas e oposições por parte de muitos pastores de almas. E assim tem sido com várias outras práticas de piedade às quais tem aderido o nosso povo, que cada vez mais tem rejeitado esse catolicismo superficial, desfigurado pelo relativismo reinante, que desorienta e causa confusão.

O que é desconcertante nestas autoridades que combatem a piedade é a atitude conivente, quando não incentivadora, de ideias e práticas completamente incompatíveis com a Verdade do Evangelho e com o ensinamento da Igreja.

Eles não aceitam um fiel comungar de joelhos e na boca, mas dão a comunhão a mulheres com vestes imorais e sensuais, com as pernas de fora, costas nuas, e parte dos peitos a aparecer… sem dizer das roupas coladas e transparentes…

São estes mesmos senhores que negam aos fiéis o direito de se ajoelharem para receber Jesus Eucarístico, mas que, desobedecendo à Doutrina católica, dão a comunhão a maçons, amantizados, bruxos, espíritas, e marxistas-comunistas, etc…

São estes que querem oprimir os fiéis sob o peso de uma autoridade esmagante para impor caprichos pessoais ou ideais contrárias ao ensinamento da Igreja, mas que não querem obedecer à mesma Igreja em matérias graves.

São estes valentes que a pretexto da «unidade» humilham e perseguem aqueles que querem ter uma vida cristã ancorada na rica Tradição católica, mas que evocando a «diversidade» defendem um ecumenismo sem pé e sem cabeça e relativizam a Doutrina católica, deturpando-a e reduzindo-a de tal forma que qualquer herege se sinta à vontade perto dela.


O povo católico que já possui ou está adquirindo um conhecimento básico da sua fé, vai percebendo a distância enorme entre a Verdadeira Doutrina católica ensinada pelo Magistério da Igreja e o que eles têm visto e ouvido em muitas das suas paróquias e dioceses.

Este povo tem-se sentido defraudado, negligenciado e muitas vezes combatido pelos seus próprios pastores. E na mesma proporção em que cresce neles o conhecimento da Verdadeira Doutrina católica cresce também o sentimento de desalento e profunda insatisfação com este estado de coisas… mas, a opressora «ditadura do relativismo» está tão generalizada dentro da Igreja, que parecem não terem a quem recorrer.

Os poucos padres e bispos que têm a coragem de pregar e defender a Verdadeira fé católica são logo estigmatizados e rotulados de radicais, rebeldes, desobedientes, etc…. pessoas contrárias à unidade. A sua honra e a sua moral são atacadas de todas as formas para que, uma vez desacreditados, a mensagem da qual são portadores possa também perder a credibilidade.

A situação actual é tão estranha que aqueles revolucionários horizontalistas que sempre desprezaram a hierarquia evocam agora com voz alta a força da obediência para submeter aqueles que sempre nela acreditaram. Muitas autoridades estão a usar a sua posição dentro da Igreja para implodir a Igreja bem como para calar a voz e paralisar a actuação daqueles que não se alinham a este projecto demolidor.

E antes que alguma alma imbecilizada pelo «politicamente correcto», possa ver nestas linhas qualquer expressão de rebeldia contra a hierarquia ou incentivo ao desrespeito ou desobediência é importante esclarecer que essas pessoas que querem viver um cristianismo autêntico são pela ordem e pela obediência e amam os seus pastores e a sua santa Igreja e por isso mesmo gostariam de ver os seus bispos usando a sua autoridade não para combater a piedade e a sadia Tradição, mas sim para fazer o que a Igreja lhes manda fazer, como por exemplo: acabar com a influência e infiltração maçónica nas suas dioceses e nas paróquias que as compõem; acabarem com as aberrações e abusos litúrgicos (missas shows, missas de cura, missas rústicas, missas crioulas, baterias e instrumentos de percussão nas missas, teatros, «danças litúrgicas», auto-comunhão, etc…), suspender ou corrigir os diversos padres que têm ensinado heresias, cometido escândalos comprovados e praticado abusos na sagrada liturgia; proibir bebidas alcoólicas e shows mundanos nas festas de padroeiros e outros eventos das Igrejas.

O povo que se vai esclarecendo gostaria imenso de ver os seus padres usarem a sua autoridade para pregar a Verdade integral do Evangelho, sem mutilação ou falsificação… gostariam de ver os seus sacerdotes usarem a sua autoridade para impor o respeito e o decoro na casa de Deus exigindo de mulheres e homens vestes e posturas decentes que condigam com a sacralidade da casa de Deus. Esse povo gostaria de ver e ouvir padres e bispos, que a exemplo de Cristo, falassem com autoridade, sem medo… que tivessem a coragem de pregar a Verdade e sofrer as consequências do seu profetismo.

O que esse povo quer ver são padres que os conduzam no estreito caminho da salvação, que antes de tudo procurem a glória de Deus e o bem eterno do rebanho que lhes foi confiado.

O que os verdadeiros católicos querem ver são bispos e padres que não se acovardem diante dos lobos que procuram devorar e destruir o rebanho; que levem as pessoas a viverem na graça de Deus e na santidade, que por amor ao rebanho denunciem o pecado e as situações de pecado. Que exortem as famílias a terem vida de oração, a viverem na graça, a rejeitarem as novelas imundas e pervertedoras, que denunciem os programas e ambientes que fazem perder a amizade e a comunhão com Deus.

Os verdadeiros católicos querem ver os seus pastores guiá-los na Verdadeira fé, ajudando-os a perceber a coerência entre o que se professa e o que se deve viver. Querem ver os seus padres e bispos lutando pela vida contra o aborto, pela família contra a ideologia gay e de género, contra o petismo-comunismo-marxismo, etc…. Os verdadeiros católicos querem o fim dessa absurda inversão de valores dentro da Igreja onde quem quer viver uma devota piedade e a sã Doutrina tem sofrido perseguição e execração e quem adere ao relativismo revolucionário é aplaudido e premiado.

Por fim resta-nos a esperança nas Palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo que disse que as portas do inferno não prevalecerão contra a sua Igreja.

Existem padres e bispos que querem ser fiéis à sua missão, mas na sua maior parte sentem-se muito encurralados, isolados e desamparados… são esses poucos padres e bispos que alimentam espiritual e doutrinariamente essas pequenas ovelhas de Deus, por isso é preciso rezar muito por estes e pedir para eles ao Espírito Santo o dom da fortaleza para que sejam sempre capazes de defender a Verdade e colocar os interesses de Deus acima de qualquer outro bem, e o dom da Sabedoria para saberem como agir de modo a redundar na maior Glória de Deus e no bem e salvação das ovelhas que custaram o sangue de Cristo.





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