segunda-feira, 27 de julho de 2015


Curso acelerado de História

da Grécia contemporânea na Europa


1985:
Quando a Grécia exigiu mais dinheiro
para aceitar Portugal na CEE

Em Março de 1985, Portugal e Espanha negociavam em Bruxelas a adesão à CEE, mas na altura contavam com um opositor de peso: a Grécia. Os Ibéricos entravam se os gregos recebessem mais fundos.

A manchete do Diário de Lisboa a 28 de Março de 1985 era clara: o acordo estava por um fio «Gregos mantêm veto contra alargamento». Era esta a manchete do Diário de Lisboa a 28 de Março de 1985, quando Portugal e Espanha discutiam em  Bruxelas a entrada na Comunidade Económica Europeia (CEE), antecessora da União Europeia.


Era a Europa dos 10, antes de se tornar o clube dos 12 em 1986.

Convencer os Gregos, contudo, não foi fácil: o então primeiro-ministro, Andreas Papandreou, exigia mais fundos europeus para a Grécia como moeda de troca para aceitar o alargamento.

O processo de adesão de Portugal e Espanha estava há muito em cima da mesa, mas os Gregos levantaram, desde o início, várias objecções, sobretudo em relação às dificuldades de competitividade económica que iriam enfrentar caso Portugal e Espanha entrassem na Comunidade.

Em finais de Março, as negociações continuavam difíceis: «A Grécia entende que a sua economia não poderá fazer face ao alargamento da Comunidade sem receber os subsídios propostos pela Comissão e não aprovados para desenvolver as regiões agrícolas mais atrasadas», escreveu o Diário de Lisboa na altura.

Um dia mais tarde, a 29 de Março, as principais divergências eram sanadas e o acordo celebrado com «tostas e vinho espanhol».

O ministro italiano dos Negócios Estrangeiros, Giulio Andreotti, que liderou as negociações, foi recebido com cânticos pelos jornalistas espanhóis quando entrou na sala para revelar a boa-nova:

«Tenho o prazer de vos anunciar que agora temos uma Europa dos ‘Doze'», disse Andreotti na conferência de imprensa, ladeado pelo seu homólogo espanhol, Fernando Môran, e pelo ministro das Finanças português, Ernâni Lopes.

O ministro português viria, depois, a afirmar que Portugal tinha conseguido «resultados de primeira grandeza que nos permitem encarar melhor o futuro da economia portuguesa a médio-prazo».

O «preço» que os Gregos exigiram para não avançarem com o veto, uma decisão anunciada desde a cimeira de Dublin em 1984, seria conhecido na edição seguinte do jornal.

«Preço do veto grego fixado esta tarde» era o título da manchete do Diário de Lisboa. O jornal explicava que a «Grécia fez depender a retirada do seu anunciado veto do aumento da ajuda às suas regiões mais desfavorecidas através dos PIM [Programas Integrados do Mediterrâneo]».

Na prática, os gregos exigiram como contrapartida para aceitar a entrada de Portugal e de Espanha na CEE «um auxílio adicional no quadro das verbas para os PIM: dois mil milhões de dólares (cerca de 350 milhões de euros). Qualquer coisa como 1 750 milhões de euros, foi o preço do «sim» da Grécia.


Fonte: Diário de Lisboa





Sem comentários: