sexta-feira, 12 de dezembro de 2014


A mentira da Espanha


Em 1931, Fernando Pessoa, dizia-o assim: «A desintegração de Espanha é um facto. De resto, a desintegração de Espanha foi sempre um facto. A Espanha foi sempre uma mentira».






quinta-feira, 11 de dezembro de 2014


Salgado, o Sócrates da banca


L. Lemos

Quem se deu ao trabalho de ouvir as declarações de Ricardo Salgado na Comissão Parlamentar não pode deixar de se lembrar dos inocentes discursos de Sócrates. Ambos actores da III República.



















quarta-feira, 10 de dezembro de 2014


Call Center em S. Bento...


A competência deve ser paga…







segunda-feira, 8 de dezembro de 2014


A Imaculada Conceição

e a História de Portugal


P. Francisco Couto
P. Senra Coelho

As Nações sobrevivem à erosão do tempo e permanecem vivas na história dos povos se prosseguirem na fecundidade que lhes vem da sua espiritualidade e da sua cultura. A diluição espiritual e cultural de um povo significará inevitavelmente a perca da sua identidade e a sua fusão num hoje sem futuro.

A História de Portugal regista dois momentos altos na recuperação da sua independência: a Revolução 1383-1385 e a Restauração de 1640.


Na Revolução de 1383-1385 salienta-se o cerco de Lisboa, que durou cerca de cinco meses e terminou em princípios de Setembro de 1384, acentuando-se durante o assédio, o significado da vitória alcançada por D. Nuno Álvares Pereira em Atoleiros a 6 de Abril de 1384 e a eleição do Mestre de Aviz para Rei de Portugal, curiosamente a 6 de Abril de 1385. Em 15 de Agosto travou-se a Batalha de Aljubarrota, sob a chefia de D. Nuno Álvares Pereira, símbolo da vitória e da consolidação do processo revolucionário de 1383-1385.

No movimento da restauração destaca-se a coroação de D. João IV como Rei de Portugal, a 15 de Dezembro de 1640, no Terreiro do Paço em Lisboa.


A Solenidade da Imaculada Conceição liga estes dois acontecimentos decisivos na História da independência de Portugal e no contexto das Nações Europeias. Segundo secular tradição foi o condestável D. Nuno Álvares Pereira quem fundou a Igreja de Nossa Senhora do Castelo em Vila Viçosa e quem ofereceu a imagem da Virgem Padroeira, adquirida na Inglaterra. Este gesto do Condestável reconhece que a mística que levou Portugal à vitória veio da devoção de um povo a Nossa Senhora da Conceição.

Aliás, já desde o berço, já aquando da conquista de Lisboa por D. Afonso Henriques, havia sido celebrado um pontifical de acção de graças, em Lisboa, em honra da Imaculada Conceição.

A espiritualidade que brotava da devoção a Nossa Senhora da Conceição foi novamente sublinhada no gesto que D. João IV assumiu ao coroar a Imagem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa como Rainha de Portugal nas cortes de 1646.


Esta espiritualidade imaculista foi igualmente assumida por todos os intelectuais, que na prestigiada Universidade de Coimbra defenderam o dogma da Imaculada Conceição sob a forma de um juramento solene.

De tal modo a Imaculada Conceição caracteriza a espiritualidade dos portugueses, que durante séculos o dia 8 de Dezembro foi celebrado como «Dia da Mãe» e João Paulo II incluiu no seu inesquecível roteiro da Visita Pastoral de 1982 dois Santuários que unem o Norte e o Sul de Portugal: Vila Viçosa no Alentejo e o Sameiro no Minho.

O dia 8 de Dezembro transcende o «Dia Santo» dos Católicos e engloba indubitavelmente a comemoração da Independência de Portugal, que o dia 1 de Dezembro retoma. O feriado do dia 8 de Dezembro é religioso, mas é também celebrativo da cultura, da tradição e da espiritualidade da alma e da identidade do povo português.

Não menos importante, e em âmbito religioso e litúrgico, o tema da Imaculada Conceição da Virgem Maria é já abundantemente abordado pelos Padres da Igreja. Será o Oriente cristão o primeiro a celebrá-la. Festividade que chega à Europa Ocidental e ao continente europeu pelas mãos das cruzadas Inglesas nos séc. XI e XII. Vivamente celebrada pelos franciscanos a partir de 1263, será o também franciscano Sixto IV, Papa, que a inscreverá no calendário litúrgico romano em 1477.

De facto, o debate e a celebração desta festividade em toda a Europa é acompanhada pela História do próprio Portugal. Coimbra, como já vimos, tem um importante papel em todo este processo.

Em 8 de Dezembro de 1854, viverá a Igreja o auge de toda esta riqueza teológica e celebrativa. Através da bula «Ineffabilis Deus», Pio IX, após consultar os bispos do mundo, definirá solenemente o dogma da Imaculada Conceição da Virgem Maria.

Não estamos diante de uma simples festa cristã ou de capricho religioso. O dogma resulta de tudo quanto a Igreja viveu até aqui e vive hoje em toda a sua plenitude. Faz parte da identidade da Igreja. Isso mesmo o prova o texto proclamado por Pio IX que apoia a sua argumentação nos Padres e Doutores da Igreja e na sua forma de interpretar a Sagrada Escritura. Ele, de facto, reconhece que este dogma faz parte, depois de muitos séculos, do ensinamento ordinário da Igreja.

Portugal, segundo Nuno Álvares Pereira, ou melhor, São Nuno de Santa Maria, e D. João IV isso mesmo o demonstram, não só como resultado da sua própria fé mas como expressão de um povo deveras agradecido pela sua Independência e Liberdade.

A Conceição Imaculada da Virgem é um dogma de fé segundo o qual Maria é considerada a primeira redimida pela Páscoa de Cristo.


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O P. Francisco Couto é Reitor do Santuário de Vila Viçosa e professor do Instituto Superior de Teologia de Évora.

O P. Senra Coelho é professor do Instituto Superior de Teologia de Évora.





domingo, 7 de dezembro de 2014


Inconsciente ou consciente, o mal avança...


http://www.lanacion.com.ar/1750280-francisco-dios-me-da-una-sana-dosis-de-inconsciencia







Comemorando o 8 de Dezembro

Ser mãe. O novo preconceito.



MariAna Ferro (Júdice Moreira)

Estar em casa com os filhos tornou-se um preconceito comum com o aumento do desemprego, das dificuldades e das restrições económicas.

Estar em casa antigamente, quando havia ajudas e irmãos mais velhos e quintas e casas grandes de férias e fim de semana era normal.

A mãe, tomava conta dos filhos, o pai trabalhava.

Hoje, algumas as mães não trabalham não porque não querem mas porque os pais trabalham demais.

É muito simples e tudo se resume ao tempo e a equações.

Se o pai trabalhar até às dez da noite já não vê os filhos, se a mãe trabalhar até às sete da tarde, vê-os duas horas. Este é um cenário.

O outro cenário são dois pais a chegar muito tarde e nenhum os vê e há alguém ou vários alguém que vão buscar, dão banho e jantar e às vezes deitam.

O terceiro cenário é o do pai e da mãe que chegam cedo.

Nenhum dos cenários é certo ou errado, é a vida.

Mas depois há aquele cenário em que a mãe está em casa com os filhos mesmo que um dos filhos ou todos os filhos estejam na escola. Então ela trata da casa e vai busca-los e fica com eles. E isto é o resumo do dia apesar da sua complexidade.

E este é o único cenário vitima de preconceito.

Estar em casa é mal visto.

Este é o meu cenário.

Todos os dias ouço todo o tipo de coisas. Entre essas coisas está a preocupação com o meu intelecto.

Posso estar a estupidificar, posso estar a ficar menos interessante e interessada, as minhas conversas podem estar todas centradas em filhos e fraldas e papas e o meu cérebro pode estar a ser pouco estimulado.

No fundo, ser mãe pode estar a fazer de mim burra.

Aceito que economicamente dois ordenados sejam melhores que um. Aceito que quando bem medido, organizado e planificado compense mais os dois pais trabalharem mesmo que para isso se tenha que recorrer a terceiros e pagar aos terceiros.

Eu amo e eu cuido. Ensino a falar e contar. Dou amor. Alimento. Visto e deito. Dou a mão para não caírem e trato das doenças. Dou mimo e segurança. Dou colo. Educo. Zango-me. Castigo. Ando pelo chão e mascaro-me e tento cumprir expectativas.

Não mereço palmas e muito menos ordenado.

Mas não chamem a isto de ser mãe uma coisa estúpida.