sexta-feira, 10 de outubro de 2014


«A Plan for the Improvement of English Spelling»


A Plan for the Improvement of English Spelling by Mark Twain or M. J.Shields

For example, in Year 1 that useless letter «c» would be dropped to be replased either by «k» or «s», and likewise «x» would no longer be part of the alphabet. The only kase in which «c» would be retained would be the «ch» formation, which will be dealt with later.

Year 2 might reform «w» spelling, so that «which» and «one would take the same konsonant, wile

Year 3 might well abolish «y» replasing it with «i» and Iear 4 might fiks the «g/j» anomali wonse and for all. Jenerally, then, the improvement would kontinue iear bai iear with Iear 5 doing awai with useless double konsonants, and Iears 6-12 or so modifaiing vowlz and the rimeining voist and unvoist konsonants.

Bai Iear 15 or sou, it wud fainali bi posibl tu meik ius ov thi ridandant letez «c», «y» and «x» — bai now jast a memori in the maindz ov ould doderez — tu riplais «ch», «sh», and «th» rispektivli.

Fainali, xen, aafte sam 20 iers ov orxogrefkl riform, wi wud hev a lojikl, kohirnt speling in ius xrewawt xe Ingliy-spiking werld.

Mark Twain (1), 1835-1910

«The heart of our trouble is with our foolish alphabet.
It doesn't know how to spell and can't be taught.»
 – Mark Twain

[Transcrição (e imagem de ecrã) de «The I18n Guy web site», página A Plan for the Improvement of English Spelling by Mark Twain or M. J. Shields.]

(1) – Não existem provas irrefutáveis de que este texto seja mesmo da autoria de Mark Twain. Outras citações do mesmo referem M. J. Yilz como autor, em carta ao jornal «The Economist» (1971).



[Uma adaptação possível]


Plano para melhorar o sistema ortográfico do Português

Por exemplo, no 1.º ano, essa letra inútil que é o «C» akabava e seria substituída ou pelo «K» ou pelo «S», da mesma forma que o «X» deixaria de fazer parte do alfabeto. O úniko kaso em que «C» se manteria seria na forma «CH», a qual se eliminaria também mais tarde.

No 2.º ano poder-se-ia reformar a letra «U», por forma a que «quem» e «um» fikassem kom a mesma konsoante, enquanto no 3.º ano também se poderia abolir o «U», trokando-o por «O»,

e no 4.º ano já se poderia akabar kom a konfozão entre «G» e «J» de oma vez por todas. De forma jeral, por konseginte, teríamos então melhorias kontínoas, ano após ano,

e xegaríamos ao 5.º ano já sem a xatise das konsoantes doplas, até qe nos anos 6 a 12, o asim, já poderíamos finalmente akabar kom o oso das restantes vogais e konsoantes sonoras e modas.

Aí pelo désimo qinto ano seria finalmente posível pasar a otilizar as letras redondantes «C», «L» e «N» — nesa altora já oma simples recordasã dos velos do Restel — em sobstitoiçã de «CH», «LH» e «NH», respektivamente. Por fim, segados ao term de 20 ans de reform.





quinta-feira, 9 de outubro de 2014


Vencer a crise demográfica


Pedro Vaz Patto

Parece que os nossos principais dirigentes políticos estão finalmente a despertar para a gravidade da crise demográfica, talvez a mais grave das crises estruturais com que se depara hoje o nosso País. As taxas de natalidade atingem níveis dos mais baixos da nossa história e dos mais baixos do mundo. E ultrapassam as mais pessimistas das previsões anteriores.

Discutem-se agora várias medidas que possam inverter essa tendência, desde reformas fiscais que acolham o sistema do quociente familiar (em que as taxas são calculadas em função do número de filhos, pois estes fazem diminuir a capacidade contributiva), a várias formas de conciliação do trabalho e da vida familiar, ou ao combate ao desemprego juvenil e à precariedade do emprego juvenil.

Ouve-se dizer que ao Estado não compete convencer as pessoas a ter mais filhos (essas seriam opções puramente privadas), mas apenas remover os obstáculos que impedem as pessoas de ter os filhos que desejariam ter e que, de acordo com vários inquéritos, seriam suficientes para assegurar a renovação das gerações (mas será mesmo assim?).

Todas essas medidas que se discutem são importantes e algumas delas tiveram algum sucesso noutros países (em França ou nos países nórdicos, por exemplo).

Penso, porém, que a crise demográfica só será vencida com uma mudança cultural, uma mudança de mentalidade.

Na verdade, as gerações precedentes, que não conheceram este problema, não experimentaram adversidades menores do que as de hoje (apesar de então o emprego ser mais estável). A natalidade não é muito maior em países economicamente mais prósperos, ou nos estratos sociais mais abastados. Continua muito baixa em países com generosos apoios às famílias com filhos, como a Alemanha. E mesmo em França e nos países nórdicos, em que as taxas de natalidade são ligeiramente mais elevadas, estas não chegam para assegurar a renovação das gerações.

A crise demográfica só será vencida com a consciência de que a vida é sempre um dom e uma riqueza, que compensa sacrifícios e renúncias. Já alguém disse que é o maior dom que recebemos e, por isso, o maior que podemos dar. É ilusório pensar que se vence a crise demográfica sem qualquer forma de renúncia a algum bem-estar material ou tempo livre, ou sem contrariar a mentalidade individualista, hedonista e consumista que hoje impera.

Por outro lado, não se vence a crise demográfica sem vencer a crise da família. A rejeição do casamento como doação total e compromisso definitivo não pode deixar de traduzir-se na rejeição da natalidade. A fuga diante de escolhas definitivas, o viver projectado apenas no imediato, sem um projecto que envolva toda a vida, leva também à recusa da que é, talvez, a mais irreversível das opções: a de ter filhos. São famílias coesas e estáveis as que optam por uma descendência mais numerosa.

Esta mudança de mentalidade que permitirá vencer a crise demográfica não depende certamente do Estado, ou de medidas políticas. Mas não estão em causa simples opções privadas sem reflexos sociais: Esses reflexos estão agora à vista de todos. Não é apenas o futuro da Segurança Social, ou do Estado Social, que está em causa, é o futuro de uma Nação.

E se é certo que não é o Estado a moldar essa mentalidade, também é certo que muitas das suas políticas dão um sinal, contêm uma mensagem cultural que pode contribuir para vencer a crise demográfica, ou, pelo contrário, para a agravar. Quando se facilita o aborto, quando se facilita o divórcio, quando se equipara o casamento à união de facto, ou uma união naturalmente fecunda a uma união entre pessoas do mesmo sexo, a mensagem cultural que daqui deriva certamente não é de valorização da vida e da família, certamente que não contribui para vencer a crise demográfica.





terça-feira, 7 de outubro de 2014


Um santo descartável


Nuno Serras Pereira

No último Consistório o Santo Padre Francisco convidou, a sabendas, o cardeal W. Kasper para dissertar sobre um tema todo ele dirigido a uma conclusão frontalmente oposta à Sagrada Escritura, à Tradição da Igreja e, em particular, ao Magistério do Papa Bento XVI e ao de S. João Paulo II. Na senda desta palestra de duas horas, ou mais, foi estampada em livro, publicitado por Francisco.

Agora a maioria dos bispos germânicos, liderados pelo cardeal Marx, presidente da conferencia episcopal alemã, assinaram um documento apoiando as mesmas teses. Entretanto, o cardeal Kasper, perante a discordância das suas opiniões, manifestada por cinco cardeais de vários continentes, acusa-os publicamente de guerrearem o Papa, uma vez que, segundo ele, sua Santidade lhe manifestara, por duas vezes, a concordância com as suas teses.

Sandro Magister, um vaticanista influente e reconhecido internacionalmente, garante que um número significativo de sacerdotes, de Buenos Aires, afirmam que o então cardeal Bergoglio os aconselhava a dar a Sagrada Comunhão aos adúlteros (a expressão é minha, ou melhor é da Igreja de sempre), casados validamente pela Igreja, que se tinham divorciado civilmente e contraído um «casamento» civil (aquilo a que impropria e perigosamente se chama «divorciados recasados»).

Tudo isto, a ser verdade, é dito e feito em nome da pastoral misericordiosa que, segundo eles, pelos vistos, é incompatível com a Doutrina, isto é, com a Verdade; como se a pastoral não fosse consequência da Doutrina e com ela coerente, ou como se a Misericórdia não fizesse parte da Doutrina, mas, pelo contrário lhe fosse contraposta.

Eu não sei se é verdade que há padres, em Buenos Aires, que garantem fundamentadamente que o seu arcebispo, Jorge Bergoglio, os aconselhava a dar a Comunhão a adúlteros, mas posso adiantar que caso o fizesse incorria em pecado grave induzindo outros ao sacrilégio. O mesmo sucederia, na hipótese publicitada, de ter, enquanto Papa Francisco, aconselhado, telefonicamente, uma argentina civilmente «casada» a comungar livremente.

Volto a afirmar que não posso saber se estas coisas são verdadeiras ou se, pelo contrário, são falsos testemunhos. Mas sempre posso asserir que a infabilidade pontifícia nada tem a a ver com uma garantia de impecabilidade. De resto, que ao longo da história houve Papas que pecaram muito e muito gravemente, não é novidade, julgo eu, para ninguém. Acresce que a infabilidade pontifícia também não significa infabilidade governativa, pois os Papas podem errar nas decisões que dizem respeito ao governo da Igreja. Não é verdade que eminentes historiadores da Igreja, fidelíssimos à mesma, entre os quais não poucos jesuítas, fazem críticas, por vezes severas, a diversos Pontífices? Sirva como exemplo o Papa Clemente XIV, franciscano conventual, que extinguiu a Companhia de Jesus (Jesuítas) e encarcerou o seu Geral. Mas se se pode criticar um pontificado passado, não se poderá criticar um presente? E será porventura possível que, v. g., o Papa Clemente XIV venha a ser reabilitado e, pelo contrário, um pontificado de um Papa jesuíta possa vir a ser duramente ajuizado – caso, sei lá, surjam novos dados – ? Não faço a mínima ideia, se há coisa que não sou é futurologista.

S. João Paulo II, que afirmou de si próprio ser o Papa da vida[1] e também o da família, aprofundou, em plena coerência, com a Tradição e a Sagrada Escritura, os temas da sexualidade, do casamento e da família. No dia em que ia estabelecer o Instituto João Paulo II para estudos sobre o matrimónio e a família, o Maligno quis impedi-lo matando-o por mão do terrorista que disparou sobre ele na praça de S. Pedro, a 13 de Maio. Salvando-o Nossa Senhora, parece que queria salvar também o Instituto. Nestes trinta anos, notáveis teólogos de várias partes do mundo têm produzido (a par de duas universidades) esplêndidas obras, singularmente inspiradas, que têm mergulhado ainda mais nos tesouros do Evangelho do casamento e da família, a partir do Magistério de S. João Paulo II.

Nos Sínodos dos Bispos costumam participar, entre outros, os chamados peritos. Pois, ficam os leitores a saber que o Cardeal Baldisseri, nomeado pelo Papa Francisco para o efeito, responsável pela escolha dos ditos peritos, não convidou nenhum, mesmo nenhum, entre aqueles pertencentes ao referido Instituto e às universidades a que aludi. Não admira pois que ande por aí a dizer, para quem o queira ouvir, que «detesta» o Instituto e seus teólogos; e ainda que se «nos textos (do Sínodo) vai ficar tudo na mesma, ... na prática tudo vai mudar» – são várias as fontes, que considero autorizadas e fidedignas, que mo reportaram. Pelos vistos, S. João Paulo II é descartável...

Para quem tenha dúvidas, caso alguém as tenha, reitero a minha fidelidade, assim Deus me ajude, ao Magistério do Papa Francisco, enquanto for Papa. E, pela Graça de Deus permaneço fiel, e espero sê-lo até à morte, ao Magistério de S. João Paulo II.


[1] João Paulo II, Citado in Pontificia Academia Pro Vita, AA. VV., Evangelium Vitae - five years of confrontation with the society … , p. 398, Libreria Editrice Vaticana, pp 548, 2001