sexta-feira, 18 de julho de 2014


Só faltava mais esta…


Humberto Nuno Oliveira

O camaleónico Freitas do Amaral afirmou que «Se a abstenção cresce não seria de estabelecer o voto obrigatório, pelo menos nas legislativas?» apontando o voto obrigatório como uma solução que não considera antidemocrática e que inverteria «o crescente desinteresse que os cidadãos demonstram relativamente às decisões que definem o futuro do país», contribuindo «para aumentar a participação daqueles que se vão afastando», aqueles que se encontram descontentes e que por aquela via poderiam renovar o sistema político português.

Não consigo parar de me surpreender com esta gente que agora vislumbra na imposição do voto obrigatório mais uma das possibilidades de salvação da sua «democracia». Foram apenas precisos quarenta anos (alguns menos que a «negra noite fascista») para que os portugueses assistindo à sua decadência, à corrupção galopante, ao amiguismo instalado e ao nojento tráfico de influências se esquecessem das maravilhosas promessas e fantasias de Abril em que os charlatães do regime os fizeram acreditar.

Claro que esta gente do sistema nunca estabelece a ilação devida: os portugueses fartaram-se deles e do regime que eles estabeleceram para se beneficiarem mais aos seus amigos desta podre república. Vivendo em torres de marfim alheados da realidade, pensam que os portugueses ainda não reparam que nenhum político do sistema os acompanha nas privações quotidianas e que, para todos eles, há sempre um bom lugarzinho guardado numa qualquer entidade onde se traficam influências e se ganham largos milhares, quando ao cidadão comum se pedem sacrifícios que nunca chegam aos políticos, às suas chafaricas e interesses. Mas caros senhores, já toda a gente o viu!

É isso, caros senhores, que leva os portugueses a não votar: deixaram de acreditar em vós e nas vossas promessas ocas, e não vão lá com obrigatoriedades porque a questão de fundo permanecerá presente. Qual é a importância que o regime dá aos abstencionistas, e aos que votam nulo e branco? Os descontentes não contam para esta gentalha que se perpetua no poder e não se importa de ser eleita nem que seja só com os votos dos amigalhaços…






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