terça-feira, 8 de janeiro de 2013

As finanças do PCP e a sua morte anunciada

Heduíno Gomes

A implosão da União Soviética veio criar aos partidos comunistas alinhados com Moscovo vários problemas. O mais óbvio problema foi o do desprestígio político adicional a que ficaram sujeitos com a desagregação do «paraíso» terreno que apregoavam. Mas a este juntou-se outro que foi corroendo os partidos moscovitas: o fim do financiamento das suas máquinas de organização e propaganda.

Em alguns países, os respectivos partidos comunistas não eram mais do que um escritório de propaganda soviética, editando um semanário de pequena tiragem e de nenhum impacto. Noutros países, como na Itália, na França e em Portugal, os partidos possuíam uma implantação importante. Em Inglaterra e Alemanha federal, os partidos comunistas eram reduzidos e praticavam o entrismo nos partidos socialistas, respectivamente o trabalhista inglês e o social-democrata alemão.

Mesmo antes da sua implosão, a União Soviética já se encontrava numa grave crise económica que fazia adivinhar o desfecho. Nesse período, com Gorbatchov, foram reduzidos e mesmo suprimidos os financiamentos às quintas-colunas soviéticas. E quando o sistema cai, o corte foi total e geral. Não apenas da parte da extinta União Soviética, como também da Alemanha de Leste, e de outros «países irmãos», acabaram-se os cobres.

O poderoso Partido Comunista Francês, com a sua imponente sede, de projecto simbólico da autoria do camarada Niemeyer, na Place Colonel Fabien, em Paris, teve de conter despesas e vender os anéis. Concretamente, os Picassos e outros que orgulhosamente decoravam a sua sede foram passados a patacos. E o PCF acabou por sucumbir.

O mesmo se anuncia agora para o PCP, que sistematicamente vêm apresentando buracos nas suas contas e se prepara para despedir uma série de funcionários.

A fonte de financiamento do PCP eram simbolicamente as quotizações. Mas mal davam para mandar cantar um cego. Internamente, depois do 25 de Abril, outra fonte eram também os municípios que dominavam, e que, pela redução da sua implantação política, têm vindo a perder. O mesmo se pode dizer dos sindicatos, que pagavam os ordenados dos funcionários do PCP e a sua propaganda, o que ainda hoje vemos.

Todas estas receitas e mais algumas geradas por certas estruturas económicas montadas no período ascendente são insuficientes para manter o aparelho encomendado pelos soviéticos – desde sempre os grandes financiadores –, que já não existem para pagar a encomenda. O PCP tinha também uma especial ajuda, em dinheiro e propaganda, da Alemanha de Leste. Tudo isto acabou. E com isto acabará por sucumbir o clássico PCP.
É pena que Cunhal não tenha vivido o suficiente para assistir.






Dos arquivos do Partido Comunista da União Soviética

(13 octobre 1983)

«Très secret. Du KGB au Comité central du Parti communiste de l'Union soviétique»:

«Au camarade Ponomarev, directeur du Département international,Compte-rendu de la rencontre avec le camarade Gaston Plissonnier(PCF) : conformément à vos instructions du 23 septembre dernier, la rencontre a eu lieu à Berlin avec le camarade Plissonnier et son homme de confiance, lors de laquelle nous avons remis aux amis français la somme d'un million de dollars qui leur a été assignée. Pour des raisons de sécurité, le camarade Plissonnier a refusé de signer sur place le reçu avec l'argent livré, se référant à un accord avec Moscou. Néanmoins, il a ordonné à son homme de confiance de signer le reçu de livraison sans indiquer le montant de la somme.»

L'aide apportée par le PCUS était aussi matérielle et concernent également les journaux affiliés au PCF. De 1982, année de la première livraison, jusqu'en 1989, la dernière, ceux-ci ont reçu gratuitement 4 058 tonnes de papier[13]. Le 10 juillet 1987, le Politburo approuve, « suivant la demande du PCF », la livraison de 1 300 tonnes de papier par an pour les années 1987 et 1988.

Pour la seule période de 1971 à 1990, le PCF encaissera cinquante millions de dollars (Parti communiste italien : 47 millions, Parti communiste des États-Unis d'Amérique : 42 millions).

Le secrétaire général de la CGTHenri Krasucki, membre du bureau politique du PCF, a demandé en mars 1985 au conseil central des syndicats de l'URSS d'accorder à son syndicat une aide urgente de 10 millions de francs (1 million de roubles convertibles). Cette demande a un caractère strictement confidentiel et seuls les dirigeants de la CGT membres du comité central du PCF ont été informés de cette demande. Cette aide sera accordée en 2 versements en 1985 et 1986 de 500 000 roubles provenant du comité du tourisme et d'excursion.


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