quinta-feira, 15 de novembro de 2012

As 3 fontes de alimentação do Bloco de Esquerda


Heduíno Gomes
 
A propósito do recente congresso do Bloco de Esquerda, ocorrem algumas reflexões sobre o facto de uma esquerdalha que já não se usa ter conseguido uma posição tão importante nos meios de comunicação e mesmo no Parlamento. Isso deve-se à conjugação das suas 3 fontes de alimentação.
 
A primeira fonte de alimentação do BE, ou sua base social, é a pequena-burguesia e média-burguesia urbanas, radicais de esquerda e abastadas.
 
Basta observar pela televisão os seus congressos para ver que tipo de pessoas lá estão sentadas ou se passeia pela entrada: barbudos de ar rancoroso, muitos deles ainda a sonhar com o Maio de 68 e o 25A, meninas chiques emancipadas e outras menos meninas e mais frustradas, revolucionários de salão fazendo lembrar certas personagens de Nélson Rodrigues, uns frágeis a enfeitar e gente assim. Toda esta nata da revolução, com alguma experiência de organização proveniente de anteriores militâncias na extrema-esquerda, constitui a espinha dorsal da organização. E certamente bastante endinheirada pois a propaganda gigantesca que fazem não é barata.
 
A segunda fonte de alimentação do BE, ou sua muleta, é o PS. Na esperança de abrir brechas no PCP, a máquina do PS instalada nos media lançou o BE e continua a levá-lo ao colo. A operação não resultou lá muito bem, pois o PCP possui uma base social própria e organização sólida, que resistem ao BE e vão definhando apenas à medida que se verifica o seu envelhecimento sem a correspondente renovação da sua base. Por outro lado, com o radicalismo pequeno-burguês do BE, o próprio PS se viu fustigado: voltou-se o feitiço contra o feiticeiro. Mas, para o PS, o seu investimento no BE pode vir a dar frutos numa possível coligação, para obter maioria parlamentar, se, entretanto, o BE se adaptar ao poder ou então não vier a extinguir-se.
 
A terceira fonte de alimentação do BE, ou sua retaguarda de organização, é a rede transversal de invertidos.
 
Como é sabido, o BE possui no seu interior uma forte representação de invertidos, uns assumidos, outros não. Quem melhor poderia dar o mote e fazer o trabalho de preparação ideológica para a decadência moral e jurídica do que o BE? Assim, os invertidos disseminados pelo PS e PSD não podem deixar de ver com bons olhos o BE, como seu próprio motor, motor das causas «fracturantes».E depois, mesmo estando nesses partidos, da simpatia ao apoio, mesmo que discreto, vai um passo. Por vezes, o apoio às causas do BE (& associados) até toma dimensões de escândalo. Foi o caso do desastrado então Grão-Mestre do GOL António Reis, como membro da comissão para a comemoração do centenário da I República, criada por Sócrates, ao ter feito questão de incorporar no seu programa a «normalização» dos anormais, no caso os chamados «casamentos» entre elas e elas e entre eles e eles.
 
Assim se compreende que o BE faz parte de várias estratégias, todas concorrendo para o apoiar porque a todos esses ou essas lhes convém.

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